quarta-feira, 3 de junho de 2009

Identidade Regional - Bilbao



Título: Identidade Regional: Análise dos Signos Identificadores da cidade de Bilbao
Data: 03 de Junho de 2009

Segundo Pepe (2007), falarmos de Identidade Regional leva-nos a relacionar a problemática da globalização. Este mesmo autor refere que a globalização trata da mundialização do capitalismo, de uma determinada visão do mundo e que prejudica os fundamentos de culturas particulares, das diferenças, para impor segundo os interesses de um mercado global, um discurso único.

Sabemos que o conceito de Identidade Corporativa pode ser definido como um conjunto de atributos que tornam uma empresa única e pode manifestar-se ao público de várias maneiras: através das marcas gráficas da empresa, das suas comunicações (internas e externas), ambientes de produção ou atendimento, no modo como se dirigem aos seus públicos, através das suas apresentações, material impresso, nome, portfólio de produtos ou serviços, contribuindo dessa forma para a construção do imaginário colectivo dos seus públicos, da Imagem Corporativa.

Actualmente as estratégias desenvolvidas para a criação de marcas de países, cidades, regiões ou marcas de Instituições Públicas, é feito do mesmo modo que se desenvolvem marcas corporativas (empresas) privadas, abandonando muitas vezes diversas questões históricas ou culturais que deviam fazer parte dos seus discursos identitários. As Instituições são agora vistas como empresas competindo num mercado global.

Ao realizar um trabalho de Identidade Visual Regional, apela-se agora a questões competitivas, abandonando valores fundamentais de cultura que deviam ser defendidos. Dentro deste contexto, e na óptica do Design de Comunicação Visual pretendemos neste trabalho favorecer ou apenas abordar algumas questões que possam contribuir para um pensamento mais profundo sobre a problemática da Identidade Visual Institucional através do reconhecimento da palavra “origem” como elemento gerador de valor (Pepe, 2007).

A este respeito, a proposta pode partir do conceito de Roland Robertson através do neologismo “Glocalização”, fundindo as palavras globalização e localização, integrando e articulando o Local e o Global, combinar homogeneidade com heterogeneidade, Universal com particular, desenvolvendo uma combinação que parta do regional mas combinado com elementos próprios da globalização (Pepe, 2007).

Esta ideia dos valores históricos ou culturais podem ser por outro lado perigosos, pois corremos o risco de cair em tradicionalismos sem fundamento, levando a desenvolvimento de trabalhos de Identidade frágeis e temporais. Nesse sentido a proposta será sempre o de uma investigação profunda, percebendo se os valores históricos e culturais não são apenas imaginativos ou ilusórios. Consideramos o Design de Comunicação imprescindível na configuração de Identidades Visuais Regionais, Nacionais ou Institucionais e nesse sentido deve ser um trabalho sério e responsável.

O Design de Identidades Regionais deve por isso fazer alusão a elementos culturais, geográficos e sociais que possam fazer a diferenciação de uma região da outra. Ainda segundo Pepe (2007) a Identidade é memoria colectiva, compartida por toda a sociedade tendo em conta que o presente não deve repetir o passado mas sim contê-lo. Ao ignorar-se os contextos históricos, adulteramos e distorcemos a Identidade e por consequência a Imagem percebida pela sociedade.

Falarmos então de Identidade Regional e focalizando-nos agora na cidade de Bilbao, entendemos que entramos imediatamente em conflito com a diversidade dos elementos visuais vigentes.
Por outro lado e apesar dessa diversidade própria da homogeneização dos efeitos da globalização, localizamos elementos visuais identitários comuns e unitários instaurando uma Identidade colectiva estável, individualizada, unificada e sistematizada. Consideramos que a respeito desta temática, os Signos Identificadores Visuais ou estritamente Gráficos têm a capacidade de gerar multi-valências, de expressar vários significados, criando opiniões mais ou menos positivas para com os seus receptores.

Sabemos também que é impossível comunicar os elementos identitários apenas através de meios visuais pois os seus receptores de forma consciente ou inconsciente absorvem as diferentes mensagens através dos seus diferentes sentidos.
A transmissão dessa imagem, feita através de Signos, projectam por sua vez diferentes valores (eficácia, modernidade, tecnologia, tradição, etc.). Podemos sintetizar essa projecção em 3 momentos progressivos:

1 - Percepção, directa ou indirecta do indivíduo com
o produto, serviço, marca, etc.;
2 - Contacto do indivíduo com o produto ou serviço;
3 - Contacto e sucessão de percepções do indivíduo
com os produtos ou serviços, através do tempo.

Focalizando alguns aspectos sobre Identidade Regional e Institucional, aproveitamos uma deslocação a Bilbao durante o passado mês de Maio, para recolhermos e analisarmos alguns Signos Identificadores Visuais e outros estritamente Gráficos que pudessem contribuir para a nossa investigação sobre Identidade Visual Institucional. Visualizamos diversos exemplos de Signos Identificadores Gráficos Institucionais como é o caso da Identidade Visual da cidade de Bilbao, Universidade do País Basco, Universidade de Deusto, Metro de Norman Foster e Otl Aicher, toponímia da cidade, etc., entre outros Identificadores Visuais como do Museu Guggenheim de Frank Gehry, diversas pontes que atravessam a ria, Aeroporto de Calatrava, fachadas dos edifícios medievais do Sec. XIV em “Casco Viejo”, o Palácio de Congressos, etc.
Entendemos que Bilbao é neste momento um importante centro Europeu de Arte, Arquitectura Moderna e Contemporânea, e que os Signos Identificadores vigentes têm sido fundamentais e contribuído de uma forma eficaz para o reconhecimento desta cidade ao nível mundial.

Após este contacto com os diversos serviços, produtos, marcas, etc., e sem entrarmos em campos ou ideologias políticas da região, concluímos que a Imagem percebida é objectivamente esclarecida e que o discurso da sua Imagem actua e regula de uma forma consciente o reportório de significados, transmitindo graus de identificação, diferenciação, associação e memorização do discurso de Identidade Regional.
Vejamos alguns dos muitos Signos Identificadores da cidade de Bilbao:



Fig.1 Signo Identificador Gráfico da cidade de Bilbao


Fig.2 Signo Identificador Gráfico da cidade de Bilbao


Fig.3 Signo Identificador Gráfico do Metro de Bilbao desenvolvido por Otl Aicher


Fig.4 Signo Identificador Gráfico do Metro de Bilbao


Fig.5 Signo Identificador Gráfico do Metro de Bilbao


Fig.6 Imagem interior do Metro de Bilbao do Arquitecto Norman Foster


Fig.7 Signo Identificador Visual - Museu Guggenheim


Fig.8 Signo Identificador Gráfico - Orquestra Sinfónica de Bilbao


Fig.9 Placa Toponímica da cidade de Bilbao


Fig.10 Signo Identificador Gráfico - Museu Vasco


Fig.11 Signo Identificador Gráfico - Universidade de Deusto


Fig.12 Fachadas dos edifícios de "Casco Viejo"


Fig.13 Signo Identificador Gráfico - "Diputación Foral de Bizkaia"


Fig.14 Signo Identificador Gráfico - Teatro Arriaga


Fig.15 Ponte de Calatrava

Fonte: Pepe, Eduardo Gabriel (2007). Identidade regional. El diseño aborigen como elemento identitário. Buenos Aires: Redargenta

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