sábado, 16 de fevereiro de 2008

Sistemas de Identidade Visual na Sociedade Contemporânea

// A sociedade contemporânea, constituída através dos seus espaços, pessoas e artefactos, tangíveis ou intangíveis, está submersa de variadas mensagens visuais, aplicadas por sua vez em diferentes suportes de comunicação. Essas mensagens, devido muitas vezes à falta de cultura visual da nossa sociedade, à falta de conhecimentos técnicos ou teóricos na organização e inter-relação dos diferentes signos identificadores e dos seus sistemas, ou à própria má gestão do design, podem ser ineficazes e não garantir uma comunicação básica e obrigatoriedade na descodificação da informação por parte dos seus usuários/receptores. 

Mais recentemente, através do desenvolvimento industrial e tecnológico, dos computadores e da internet, a informação e o seu acesso, assim como os artefactos, sofreram profundas alterações, evoluindo tecnicamente e desempenhando funções cada vez mais complexas. A par dessa evolução, as empresas ou instituições (Canais de Televisão, Jornais, Universidades, Museus, etc.) cresceram e multiplicaram-se, surgindo diariamente novos sistemas, subsistemas, produtos e subprodutos, com valores comerciais, sociais ou culturais, transmitindo mensagens através dos seus diversos suportes e, por consequência com necessidades de diferenciação perante os seus concorrentes, a sociedade, e com Identidades próprias. 


Essa diferenciação é realizada através do recurso a signos visuais ou verbais, que por sua vez se transformam através da sua inter-ligação em Identidades específicas. Contudo, observam-se ainda algumas entidades que não se adaptaram às novas exigências e competências sociais e as suas falhas e fragilidades são transmitidas nos seus diversos suportes e produtos de comunicação. 

Os próprios países, cidades ou regiões, têm desenvolvido programas de Identidade própria, com o objectivo de atrair mais investidores ou aumentarem o turismo. 
Hoje é difícil pensarmos numa actividade, empresa ou produto que não se diferencie através do nome, símbolos, logótipos, diferenciação cromática, tipográfica ou mesmo um guia dos seus diferentes modos de aplicação. A partir dos últimos anos do séc. XX, a importância da Identidade emerge, atingindo uma dimensão e importância fundamental para a diferenciação e expressão de necessidades, tanto nos indivíduos como nas empresas. As suas diversas características e manifestações afectam directa ou indirectamente o modo como comunicamos e o modo como os outros nos percepcionam. 

Dada a consciência do aumento da complexidade da informação no mundo actual, a par das evoluções tecnológicas, da globalização dos produtos e serviços, torna-se fundamental analisar e reflectir o modo como o design e a gestão de Sistemas de Identidade Visual, optimizam a Comunicação Visual, sendo determinantes para o desenvolvimento económico, social e cultural.

Torna-se deste modo fundamental, efectuar a análise e o estudo dos diferentes signos identificadores visuais ou verbais (nomes, logótipos, símbolos, cores, tipografia etc.), a sua inter-relação e diferentes combinações, significados e representações, como analisar o modo de aplicação nos Sistemas de Identidade Visual, definindo os seus Programas e Gestão de Imagem Coordenada.

Segundo Heskett (2005), os sistemas mais eficazes são aqueles que são pautados por elementos coerentes e estandardizados em todos os seus componentes, permitindo desta forma aos usuários saber o que podem esperar, oferecendo segurança e familiaridade. 

Por outro lado um sistema pode ver-se como um conjunto de elementos inter-relacionados que formam uma entidade colectiva . Para satisfazer estas necessidades, torna-se essencial saber coordenar os diversos signos identificadores definindo o seu modo de aplicação na totalidade dos suportes gráficos (Chaves, 2005).







Segundo Mai (1989), a expressão e a Identidade de um país, aparte os factores políticos, económicos ou sociais, é expressa pela harmonia entre formas naturais e formas construídas ou artificiais. Sendo determinantes para o seu sucesso económico, social e cultural, os projectos de arquitectura, de engenharia, ou design, deviam ser entregues a profissionais qualificados e especialistas, para a construção de hospitais, universidades, parques, estradas, mercados, sistemas de identidade visual (logótipos, marcas, economatos, embalagens, folhetos, anúncios, sinalética interior e exterior, etc.).


De facto, é possível recuperar ou criar a Identidade de um país, de uma comunidade ou de uma instituição, melhorando o modo como os usuários interagem com a informação e os seus sistemas, partindo de um método de trabalho que permita a optimização dos processos, programas, implementação e gestão do design. As instituições públicas têm por outro lado especificidades e características próprias relativamente à sua imagem institucional, assim como distintas responsabilidades sociais e culturais. 

Desta forma, os designers como intermediários sociais e culturais, devem perceber as necessidades dos seus clientes e dos seus públicos, da identificação gráfica das Instituições, de produtos ou serviços, detectar ineficiências relativas a processos de design ou à sua má gestão, clarificar conceitos relativos aos processos de configuração de sistemas de Identidade Visual e reformular novas estratégias para o seu desenvolvimento. O estudo de modelos existentes e as suas implementações, deviam fazer parte dos seus processos de estudo.

Por outro lado, o equilíbrio entre a simplicidade e a complexidade da informação traduzida em mensagens visuais, torna-se outro ponto condutor e fundamental na execução de Sistemas de Identidade Visual. Os designers devem garantir eficazmente uma boa gestão nos diversos elementos de comunicação visual e a sua aplicação nos seus diversos suportes, e contribuir para uma reflexão da correcta utilização dos elementos visuais e dos seus significados, assim como na reformulação de estratégias objectivas, que permitam o reconhecimento da importância do design gráfico, como uma disciplina fundamental na optimização da comunicação visual.





Sabendo que 60% da informação é recebida através da visão e que, por consequência, o ser humano é “essencialmente visual”, o estudo das classificações dos signos torna-se fundamental, perceber o comportamento que estimulam nos destinatários, os seus aspectos semânticos, sintácticos e pragmáticos, as suas articulações, denotações, conotações, os signos identificadores como elementos constituintes do processo de comunicação, e os seus modos de aplicação na totalidade dos suportes gráficos, inseridos em Sistemas de Identidade Visual.

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